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domingo, 7 de agosto de 2011

AINDA PEDRO

Pedro Brito não gostava de aritmética. Convocado a resolver problemas de fração ordinária, embuchou. O lente, em vez de ajudá-lo, tachou-o de burro, insulto que o discípulo repeliu e retirou-se do exame. Depois, numa quadrinha irreverente, fez crítica a certo vício de Casusa Avelina, que dizia periúdo e não período. Tanto foi necessário. O mestre jamais aplaudiu a inteligência do rapazelho, que nada praticou de modo perverso, mas admitiu que se encontrava entre pessoas dispostas à convivência do bom humor. Casusa nunca deixou que o estudante obtivesse aprovação em aritmética. Pedro Brito buscou Fortaleza: era a maneira de fugir à violência, ao modo injusto de casar-lhe os anseios e os horizontes do futuro.

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A popularização do professor, em Teresina, achamos que deu início o padre Joaquim Nonato Gomes, nos idos de 1932, no velho Colégio Diocesano. O sacerdote gostava dos seus alunos. Conquistava-os pela simplicidade das atitudes e dos méritos suaves da ensinança de português. Não nos lembramos, nos anos antigos, de outros do mesmo naipe. Depois Valdemar Sandes fez do magistério uma atração, a serviço da aprendizagem da língua pátria. Um sujeito rico de amizade aos discentes. E sabedor. O português expositivo tem no Piauí raros professores como ele. Seguro nos princípios redacionais. Nunca maltratou discípulos. De nossa parte, procuramos tornar a docência um prazer, um modo de atrair o coração dos jovens, de encaminhá-los para o dever das lideranças sociais. Hoje há os que se animaram de atitudes idênticas. Mas permanecem nódoas nas funções letivas.


A. Tito Filho, 13/01/1989, Jornal O Dia

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