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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O BOM MONARCA

Pedro II casou-se com Teresa Cristina "sem amá-la e sem ser amado por ela". Conheceu a noiva apenas de retrato. Nunca tivera namoro. Casou-se por procuração. Ao vê pela primeira vez, fixou emocionado. Por quê? Porque - diz Mozart - "Teresa Cristina era grossa e atarracada, de rosto [?]*, era coxa. Daí o seu amor à condessa ser um amor clandestino, que iludia a esposa, a família, a sociedade e o Império".

Apulcro de Castro, jornalista de sarjeta, assassinado por virtude das baixezas que escrevia no seu pasquim, publicou certa vez estes versos:

"Onde estão tuas virtudes, ó monarca?
Onde se [?] o teu saber?
Que títulos de bondade são os teus?
Respondei ou mostrai! Queremos ver!
Não é por certo
Boa moral
Trair a esposa
Com a Barral”.

Muitos historiadores julgam que a vida de Pedro II foi vazia de amor. Decepcionou-se com a esposa. Era difícil amar e desejar Teresa Cristina. Contam que só um ano depois de casado, "Dom Pedro cumpriu o dever de marido, para ser fiel à dignidade do cargo".

A verdade, que hoje se tem, é que não se pode duvidar dos amores do monarca sisudo - e o imperador "amou secretamente, ardorosamente, apaixonadamente a condessa de Barral; durante mais de trinta anos. Como amou, por que amou? Tinha ou não o direito de amar?".

Ainda de Mozart Monteiro à defesa do monarca: "Dom Pedro II não conseguiu evitar o seu amor pela Barral; mas, com sacrifício, que durou mais da metade de sua existência, conseguiu ocultar, encobrir, esconder desdisfarçar, dissimular esse grande amor - em sinal de respeito à Família, à Sociedade e à História".

Eis a defesa de Pedro II, que os homens não devem julgar. Quanto aos homens - sejam ou não historiadores - cumpre recordar-lhes o Evangelho, onde tudo é santo. Lembrai-vos do Evangelho! - dizemos a todos os homens e a todas as mulheres que pretendam julgar, definitivamente, o magnânimo D. Pedro II e a venerada condessa de Barral, que, aliás, morreu cristâmente, como uma freira, cercada de assistência religiosa. Consultai a vossa consciência: quem, dentre vós, é capaz de atirar a primeira pedra?


A. Tito Filho, 06/06/1989, Jornal O Dia

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* Palavra apagada no original

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