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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

FARMACÊUTICOS - II

O Brasil está repleto de farmacêuticos entre aspas. Velhotas menopáusicas têm na ponta da língua o nome de remédios muitos para toda sorte de males e aperreios. Passam os dias, no doce ódio, em busca de pacientes aflitos e fazem, aos cochichos, as últimas recomendações científicas. Por toda parte pululam os receitadores, homens e mulheres. Receitas gratuitas e universalmente acatadas pelos milhões de hipocondríacos que provam este país ignorante e sem destino. Imenso o consumo sempre crescente de sedativos, tônicos, rejuvenescedores, desodorantes, soporíferos, fortificantes, milhares de pomadas, xaropes, ungüentos e inúmeros outros tipos. Quase cem por cento dessas drogas, de preço elevado, podem ser suprimidas sem qualquer inconveniente. Acrescente-se o capítulo dos laxativos, das poções, dos colírios. Surgem novos medicamentos dia por dia, sem que se registrem as garrafadas, as samberebas, os afrodisíacos.

Os laboratórios internacionais se servem de criminosa publicidade e impõem ao grande público dos rádios e das televisões [de] marcas e marcas de remédios milagrosos. Ninguém lhes impede a irresponsabilidade praticada coma saúde de milhões de pessoas obcecadas por curas rápidas e instantâneas. O poder público recolhe-se, acovardado, para ser cúmplice de crimes contra a vida de um povo explorado na sua própria miséria.

Os trustes monopólios e cartéis, que sugam os restos de civismo dos brasileiros, praticam o resto: subornam e compram empresas de comunicação, profissionais descaracterizados para a tarefa da destruição de seres humanos.

Seis de julho sinalou o DIA NACONAL DE MOBILIZAÇÃO E LUTA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO em socorro de uma gente, como a brasileira, sem consciência de direitos e de prerrogativas do ser humano. A farmácia deve constituir uma entidade de confiança, um ambiente alegre, de sinceridade, de carinho e de orientação. Nela estará sempre, sorriso de amizade, o farmacêutico de caráter nobre, pleno de doação aos semelhantes.


A. Tito Filho, 07/07/1989, Jornal O Dia

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