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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

VERDADE - I

Trabalhei na imprensa piauiense desde 1947. Antes, no Rio, fazia, com Tibério Nunes, jornal datilografado. Certa vez, eu e ele editamos um órgão de imprensa chamado LIBERTAÇÃO, que se remetia a Teresina e tinha muito apoio do público. Fundei a Associação dos Jornalistas, hoje Sindicato, e sempre mereci atenções e respeito dos meus colegas de imprensa nas horas de sofrimento e alegrias. As necessidades da vida me tiraram dos jornais e das emissoras. Deixei o jornalismo, mas não esqueci as amizades.

De 1975 aos de hoje os jornalistas de Teresina demonstram gratuita antipatia para comigo, nas tevês, nas rádios, nos órgãos de imprensa. Raríssimas as exceções, embora de vez em quando eu seja procurando para lhes prestar informações, o que nunca lhes recusei. Um dia, um deles me pediu grande favor. Satisfiz-lhe. Depois dos agradecimentos, confessou-me que me dedicava malquerença. Pediu-me desculpas. Não quis dizer-me a razão da odiosidade.

A verdade está em que os jornalistas escondem o meu imenso trabalho gratuito em benefício desta terra, os esforços que desenvolvo para o conhecimento da história de Teresina e do Piauí. E me agridem. E nunca noticiam os meus pequenos triunfos. E me injuriam. Nunca, porém, lhes fiz maldade, jamais os humilhei. noto-lhes, no olhar, a antipatia em que sou tido pelos que me procuram, quando necessitam de humildade de meus préstimos.

Agora mesmo, nestas festas do Theatro 4 de Setembro, procuraram enlamear-me a personalidade, atribuindo-me gesto de cabotinismo, pois escreveu que rompi com o governador Alberto Silva porque este me recusou homenagem. Quanta baixeza. Concedi entrevista a um repórter, e este deturpou as minhas afirmações, procurou, na intriga, incompatibilizar-me com Noronha Filho e o diretor Airton, do Theatro e não teve ao menos o cuidado de redigir em português correto o que gravou afogueadamente, no meu pequeno gabinete de trabalho da Academia Piauiense de Letras.

Escrevi longa carta ao jornalista José Fortes Filho sobre os acontecimentos, para restabelecer a verdade. Quanto ao ódio impotente que meus colegas de imprensa me dedicam - só Freud explica.

Nas minhas memórias, que estou escrevendo, não aparecem os maus, assim como os que gratuitamente, por inveja, me injuriam.


A. Tito Filho, 12/09/1989, Jornal O Dia

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