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terça-feira, 9 de agosto de 2011

BAMBA

Desviaram-se os concludentes da Faculdade de Direito do Recife, 1908, por causa da escolha do paraninfo - e os desavindos tiveram dois quadros de formatura. Num deles, três piauienses - Simplício Mendes, Corinto Andrade e José de Arimathéa Tito. O paraibano José Américo de Almeida participou do outro quadro.

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Meninote, chegava eu a Teresina no velho caminhão de Juquinha Santana, carga e passageiros juntos, ano de 1933. No pontão do rio Poti, pois  não existia ponte de madeira ou de cimento, tinha-se notícia do gesto do professor Leopoldo Cunha, que atingiu com duas balas de revólver o desembargador Simplício Mendes, na praça Rio Branco. Minha meninice deu pouca importância ao caso. No ano seguinte, sob a presidência do juiz José de Arimathéa Tito, o atirador teve absolvição unânime pelo Tribunal do Júri. Advogado do réu, o próprio pai Higino Cunha, intelectual brilhante e mestre, modesto e honrado, que lida a sentença, ajoelhou e beijou a mão do magistrado, como homenagem à justiça. Cena comovente na sala do julgamento.

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Ano de 1938, meu pai José de Arimathéa Tito, chegou ao Tribunal de Justiça, passando a compor o colegiado juntamente com Ernesto José Batista, Cristino Castelo Branco, Adalberto Correia Lima, Esmaragdo de Freitas e Sousa e Simplício de Sousa Mendes - fase áurea da corte piauiense. Em 1939 aposentou-se Cristino. Disputada a vaga, não se aproveitou, na lista de promoção, o juiz Eurípedes Melo, irmão do interventor federal Leônidas Melo, que se vingou de três desembargadores, aposentando-os pela violência e, com o ato, liquidando a credibilidade e o respeito do Tribunal. O castigo recaiu nos que votaram contra Eurípedes, os magistrados Esmaragdo, Simplício e Arimathéa - unidos depois numa luta sem trégua contra o autor da prepotência.


A. Tito Filho, 07/01/1989, Jornal O Dia

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