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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

JORNALISMO

Lemos o número 12 do ano 9 de "O Denunciante", editado em Teresina dia 18 de maio de 1927. Abaixo do nome do órgão está escrito: "Único redator, único proprietário e único responsável: Antônio Sant'Anna Castelo Branco (vulgo Dondon)".

Quatro páginas. Mede 35 cm por 23 cm. Intitula-se o artigo de fundo: "O que o dono deste jornal pretende fazer". E reza: "É intenção sua não ofender e nem prejudicar de leve a quem quer que seja, inclusive aos seus próprios inimigos e nem aos inimigos da humanidade, e assim é que aqueles que se julgarem ofendidos ou prejudicados é só reclamarem que imediatamente serão atendidos desde que tenham razão e se não forem atendidos porque não têm razão, e por isto queiram zangar-se é o que pouco importa, porque aí ficará melhor para o dono do jornal poder agir com mais liberdade". Mais abaixo: "Tudo fazer em benefício do trabalho, pois sem o trabalho não se pode ter independência e nem se pode viver; tanto assim diz o ditado que saco vazio não se põe em pé". E depois: "Tudo fazer pela instrução da humanidade, pois sem se saber ler e escrever, é mesmo que vir ao mundo e voltar sem saber se veio".

O artigo seguinte não é artigo: é uma carta em que Dondon se dirige ao povo para pedir-lhe sua contribuição "para a compra da tipografia do jornal". Eis um delicioso trecho: "A contribuição será aceita dos próprios inimigos, sendo que estes são os que vão mais se lucrarem do jornal, uma vez que o jornal vai é procurar corrigir os seus erros e defeitos, para assim eles evitar maior mal para o futuro de cada um". Mas acrescenta: "O proprietário do jornal não irá em casa de seus inimigos porém mandará por intermédio de uma pessoa de sua confiança ou pelo Correio".


A. Tito Filho, 15/02/1989, Jornal O Dia

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