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terça-feira, 16 de agosto de 2011

O TEATRO

Em 1975, publicamos mais um livrinho sobre Teresina, "Praça Aquibadã, sem número", em cujas primeiras páginas se encontram estas linhas: "Na meninice vadia, em 1933, comecei a freqüentar o Teatro 4 de Setembro, transformado em cinema. Dezembro daquele ano, Alfredo Ferreira, velho e bom amigo que o segredo da morte arrebatou, inaugurava o filme falado do velho casarão da atual praça Pedro II. Se me lembro e quanto dos famosos seriados, dos primeiros filmes de Tarzan, dos terríveis padecimentos daquele que a imaginação de Dumas transformaria no rico, poderoso e vingativo conde de Monte Cristo - e parece que ainda se fixam na memória, com nitidez espantosa, as gags de Oliver Hardy e Stan Laurel (o Gordo e o Magro) e o humorismo permanente do homem que não ria, Buster Keaton. Heróis e heroínas da infância, da adolescência e da mocidade, dum tempo que o tempo sepultou mas impossível que a lembrança possa sepultar".

Quando o Teatro foi construído e inaugurado a praça se chamava Aquibadã e não se fixou placa numeradora do edifício. Daí o título do trabalhozinho feito depois de cansativas pesquisas, com o objetivo de pagar uma dívida espiritual de muito afeto, porque nessa casa de espetáculos passamos horas encantadoras da vida. Ali um morenão bonito, gostoso, cabelos negros, seios empinados, sem sutiã, nos iniciou nas práticas deliciosas e inesquecíveis de bolinagem em virgem.

Dezoito e trinta do dia 4 de Setembro de 1889. Algumas senhoras de Teresina, bem trajadas - contamos no livrinho referido - dirigiam-se ao Palácio do Governo, onde as recebeu o presidente da Província, Teófilo Fernandes dos Santos, a quem pediram a construção de um teatro na capital. Houve discursos. O chefe do Executivo atendeu o pedido e pôs as ordens da construção trinta contos de réis, propondo que a futura casa de espetáculos se denominasse Teatro 4 de Setembro. Das obras foram encarregados João da Cruz e Santos, Gabriel Luís Ferreira, Cândido Holanda Costa Ferreira, Francisco de Sousa Martins e Collect Fonseca.


A. Tito Filho, 22/01/1989, Jornal O Dia

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