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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SEMANA SANTA

As festas populares e religiosas décadas atrás constituíam acontecimentos importantes na vida das comunidades nacionais. Os reis, o carnaval, a Semana Santa, o são João, o Natal tinham características próprias. A Semana Santa obedecia a rígidos princípios e um deles estava na abstinência de carne, aliás adotada nas quartas e sextas-feiras de toda a quaresma. Em Teresina, nos dias consagrados ao sacrifício de Jesus, a cidade se tomava de quietude e melancolia. Andava-se pelas ruas de roupa preta. A indumentária parece que pertence ao ritual católico. Caminhava-se devagar, falava-se baixinho, ninguém ria. Não se varria a casa, não se tomava banho. Procissões tristes, em que de hora em hora a matraca arrepiava a pele da gente. Procissões de anjinhos com asas que as vestidoras de anjos aprontavam. Imponente a do Senhor Morto, de banda de música ao tocar marcha fúnebre, acompanhando o andor. As procissões eram lúgubres.

As comidas se chamavam de preceito. Bacalhau, peixe, as tortas de sardinha, o cuscuz e a canjica de milho, o arroz-doce, abóbora, maxixe.

As festas populares e as religiosas se modificaram com a influência do poder industrial, que transformou a vida das comunidades do planeta terra. A educação dirigida para a diversão permanente do homem desespiritualizado, esquecido dos seus velhos valores morais e da sua condição humana - essa educação transformou todas as festas populares e religiosas. E não apenas as transformou mas faz que elas, pouco a pouco, se transformem em fabricação de dinheiro e futilidade.


A. Tito Filho, 28/03/1989, Jornal O Dia

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