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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

INDEPENDÊNCIA

A história da independência no Piauí reclama interpretação. Alguns já procuram fazê-la. A verdade é que no começo do século XIX a economia brasileira estava abaladíssima, bem assim desorganizadas e decadentes as fontes de riqueza: o ouro, os diamantes, o açúcar. Daí as tentativas novas realizadas, o açúcar. Daí as tentativas novas realizadas, desde o chá, que ficaria como uma experiência de luxo, até ao café, que se tornaria a peça máxima de resistência econômica. Situação desoladora. Atestam-no as revoluções sem idéias, revoluções platônicas, refletindo situações de desequilíbrio orgânico inconsciente. A conspiração mineira atestava a decadência da mineração. As revoluções de 1817 e 1824 revelaram economia instavelmente garantida pelo açúcar que, desde a expulsão dos holandeses, perdera no Nordeste a supremacia produtora. O Rio Grande do Sul só a partir de 1823 passou do regime agrícola ao pastoril.

O Brasil, no século XIX, tornou-se o centro de um comércio triangular, unindo-se à África e à Ásia, sem participação portuguesa. Há outras causas que explicam a independência, mas esse fio foi uma das causas fundamentais. Saliente-se que o norte do país era satélite de Portugal e representava dois terços de atividade útil do Brasil.

D. João VI governava Portugal praticamente estava entregue aos interesses ingleses, governado por Beresford. Com o regresso do monarca, houve a pretensão de recolonizar o Brasil, já elevado a reino, e isto feria profundos interesses econômicos.

Retornando a Portugal, em 1821, dom João VI despachou para o comando das armas do Piauí o oficial português João José da Cunha Fidié, que escreveria, ao depois: "Na ocasião de minha partida. Sua Majestade me ordenou muito positivamente: mantenha-se, mantenha-se" - isto é, conserve o Piauí sob o domínio português. Sabia o monarca que o Piauí era a mais rica das capitanias do Norte, rico em gado, fonte de abastecimento do sul e do norte, fonte de riqueza de Portugal dominaria econômica e politicamente o norte e sujeitaria o sul. Evitaria o triunfo dos independentes na Bahia, cortando o suprimento de carne.

Portugal arrecadava somas elevadas do gado do Piauí, com grandes prejuízos para os criadores e para os industriais e comerciantes da carne, fazendo que estes sustentassem a causa da independência.


A. Tito Filho, 09/03/1989, Jornal O Dia

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