Quer ler este texto em PDF?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CABEÇA-CHATA

"A inexistência de miscigenação negra e a união do português com as índias fizeram o cearense ficar com a cabeça chata e sem pescoço, na mesma ordem em que o meio ambiente adverso forjou o temperamento da gente nascida no Ceará com uma excessiva dose de radicalismo, de que são exemplares autênticos o presidente Castelo Branco e o líder deputado Martins Rodrigues" - assim se expressou Parfisal Barroso.

É velho o tema das deformações cranianas. Hipócrates citou povos que as praticavam. Scaliger referiu a prática como efetivada pelos genoveses. Broca e Virchow estudaram-lhe os métodos. E Imbelleni, autor contemporâneo, muito tratou da questão.

No Brasil, o cabeça-chata é o cearense, caracterizadamente, mas o achatamento aparece também no paraibano, no piauiense, no potiguar e ainda no maranhense. O apelido famoso pertence, porém, ao Ceará.

Para Parfisal Barroso o achatamento da cabeça provém de suas circunstâncias: falta de cruzamento com o negro e cruzamento do português com a índia.

La Condamine escreveu que muitas tribos do continente americano tinham chatas as cabeças, como a dos omáguas - índios denominados cambevas (cabeças-chatas) pelos portugueses, com o emprego do termo tupi.

As deformações artificiais da cabeça, salienta Gustavo Barroso, outro cearense ilustre, são usadas em dezenas de tribos de toda parte do mundo. Tais deformações - continua ele - eram praticadas na mais tenra infância, ora nas crianças dos dois sexos, ora nas do masculino somente, com forma de barro, ou com instrumentos de outra natureza. Também se modelavam os crânios das crianças pequeninas, enquanto a moleira se não fechava, com as mãos, com os cotovelos, com os joelhos, barbaramente. Muitas vezes, a vítima não resistia à operação, outras sobreviviam com as faculdades intelectuais afetadas.


A. Tito Filho, 07/06/1989, Jornal O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário