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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

MAIS PEDRO

Nas últimas luzes do século XIX ou nas primeiras do século XX e sobre o fato há divergências sem importância - Pedro Brito vive o Seminário de Santo Antônio em são Luís. Mais latim. A memória receberia permanente ordenação. Na capital maranhense deve ter ouvido falar nos exemplos do cônego Raimundo Alves da Fonseca, falecido em 1884, lutador sem medo em defesa da sua Igreja, cuja bravura e erudição enfrentaram a fama de Tobias Barreto. Polêmica magistral. Perece que Pedro Brito entusiasmou-se com as lições do padre, vivas na memória do povo, e nelas se apoiou para roteiros de coragem na sua dura existência de obstáculos desafiadores. Não se despreze a circunstâncias: Pedro escolheu o polemista poderoso para patrono de sua cadeira na Academia Piauiense de Letras. Não lhe ia, porém, a vocação clerical, que a mãe lhe apontava. Nesse período, família de padre ou de menino que morria inocente, anjinho ainda, merecia admiração e respeito. Era família de prestígio junto ao Divino.

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Teresina mostrava-se enervante nesse fim de século para o começo do outro. Suja. Abastecimento d’água em costa de jumento. Luz de querosene, lampiões em postes pelo meio das ruas. Costumes nocivos. Da vida boêmia se compraziam os intelectuais. Serenatas madrugadinas. Violão, cachaça e canções apaixonadas. Recitativos românticos. Falatórios da vida de calçada. Lutas de imprensa cruentas entre o clero e a rapaziada anticlerical cindo do Recife. Importância social do bacharel em Direito que soubesse discursar e fazer soneto bonito.


A. Tito Filho, 14/01/1989, Jornal O Dia

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