Em 1892, Joaquim Nogueira Paranaguá deixou o Rio de Janeiro, capital do país, em busca do Piauí. Resolveu viajar pelo interior brasileiro, quando normalmente políticos e estudantes voltavam a penates em navios mercantes até São Luís e daí seguiam para Teresina por terra, de cavalo ou de trem de ferro.
Extensos os caminhos percorridos e descritos nas páginas seguintes:
- Vário o meio de transporte: comboio ferroviário, barco, navio gaiola, cavalo.
- Andanças muitas: estado do Rio, Minas, Bahia.
Do longo roteiro, das dificuldades encontradas e vencidas, dos episódios vividos, das paisagens vistas e admiradas resultou a narrativa sincera que entidades culturais e os filhos de Joaquim Nogueira Paranaguá ora reeditam, homenageando-lhe a memória digna de louvor.
Médico, político, parlamentar, educador, homem de ciência, - havia em Joaquim Nogueira Paranaguá também o jornalista e o cultor das boas letras do que dá testemunho exuberante esta lembrança: de convocar os brasileiros para os recursos nacionais.
Aspectos históricos e sociais, hábitos e costumes comunitários, quadros naturais, imigração, comércio e indústria, riquezas minerais, flora e fauna, transportes - de muitos assuntos se fez o livro - páginas de ensinamentos, de lições de vida, sobremodo.
Admire-se a linguagem que se realiza pela vontade, consistente na harmonia das idéias com o que elas representam: pela beleza, característica do modo de sentir; pela decência, que consubstancia o fundo da intenção. E mais: o modo claro de dizer e de convencer...
Joaquim Nogueira Paranaguá doou-se aos semelhantes, em benefícios sem conta. Dele disse o profundo amor filial de Correntino: "sua presença continua e continuará a existir como um farol de altruísmo, perseverança e honradez, enquanto houver memória de sua personalidade, simultaneamente forte e suave, combativa e conciliadora, equânime na prosperidade como na adversidade, digno e simples nos elevados cargos que ocupou como no meio do povo humilde que viu e chorou o seu encontro com a eternidade".
De feito e por ato de justiça: enquanto houver lembrança da virtude, Joaquim Nogueira Paranaguá permanece presente, da forma que está nessa viagem educativa.
A. Tito Filho, 12/02/1989, Jornal O Dia
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