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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

EU, O IAPEP E MEU CONTÍNUO FEDERAL

Corria o ano de 1966. O Instituto de Assistência e Previdência do Estado, Iapep, em que se havia transformado a antiga Caixa Beneficente dos Servidores, estava confiado à competência de um bom administrador da cousa pública, Haroldo Borges, que me convidou para organizar o serviço jurídico da autarquia. Dediquei-me ao trabalho com muita vontade de acertar. Vencimentos? Quase nada. Uns mil-réis de mel coado, a título de serviço prestado. Com a aprovação da presidência estabeleci princípios, normas, roteiros para o exame dos processos de interesse dos segurados. Inúmeras instruções seguras, firmes, corretas, redigi e se puseram em vigor. Procurei sempre, no exercício das funções, a orientação de Haroldo, que pretendia ser humano e justo nas decisões. Sobre minhas modestas luzes pesavam as mais diversas atividades no terreno das leis, do estatuto e do regimento. No final do governo João Clímaco d'Almeida, conquistei o lugar de assistente jurídico ou procurador. Raquíticos os vencimentos. Nesse tempo, vindo de outro setor do Estatuto, passou a trabalhar comigo o ilustre e competente Francisco Mendes. Dois procuradores na autarquia. Nos primeiros meses do primeiro governo Alberto Silva fui posto à disposição de Armando Basto e recebi a incumbência de comandar o Plano Editorial do Estado. Zelei os compromissos, na tarefa cansativa e desgastante de rever e atualizar cerca de quarenta obras e editá-las em Teresina e no Rio de Janeiro, sem perceber gratificação de espécie alguma. No governo Dirceu Arcoverde, retornei à Procuradoria do Iapep, que já contava com uns quatro ou cinco bacharéis no departamento jurídico, fato que levou o presidente Tancredo Serra e Silva a distribuir hora e meia de permanência no prédio para cada um. Apenas dois ou três processos simples, diários, divididos pelos JURISCONSULTOS tupiniquins. No governo de Lucídio Portella, fui confiado à direção da Academia Piauiense de Letras e ao voltar ao Iapep, na atual administração, encontrei uns trinta ou mais procuradores, sem que nenhum de nós tenha tarefa para cinco minutos de expediente. Tal circunstância se compensa por razões favoráveis aos cofres da autarquia, que pagam a esses servidores, um a um, mais ou menos do que ganha o meu contínuo federal, o esforçado Deusdedith Pinheiro da Silva, na sua sofrível aposentadoria de 760 cruzados novos mensais, como funcionário da Procuradoria Geral da República. Ora, viva meus senhores, o meu contínuo federal!

A. Tito Filho, 09/07/1989, Jornal O Dia

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