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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A VIOLÊNCIA NOS ESTADOS UNIDOS

Saloons e dancings enchem de violência a vida norte-americana. De violência é a história da estrada de ferro, o cavalo-de-ferro dos índios, e a do telégrafo, que o dono da terra e o explorador das diligências não aceitavam. Tudo isto num mundo de liberdade para a libertação explosiva e derivativa do jogo e das bebedeiras desenfreadas, como substitutos da mulher.

Valia mais a vida do animal do que a do homem. A lei era a da pistola sobre o balcão da bebida e sobre a mesa do jogo. Era a lei também a estrela do xerife selvagem, em que se transformava o bandido do dia anterior. E nomes desfilam, os nomes dos "heróis" das canções populares: Sam Bass, Jim Bridger, Billy Brooks, Búfalo Bill, Calamity Jane, os irmãos Clements, Bill Doolin, Wyatt Earp, Pat Garret ( o matador de Billy the Kid), Doc Holyday, Jesse James, Bat Masterson, John Ringo, Johan Suttr, os irmãos Young - nomes que o livro e o cinema se encarregaram de universalizar e que ganharam popularidade, no seu tempo e tempos fora, todos cercados de admiração e respeito do povo, porque o povo cria que todos lutavam contra os opressores e os usurpadores, e roubavam ao rico para dar ao pobre - uma espécie de Robin Hood da Inglaterra. Eram amados e cantados.

Não há pois exagero em dizer-se que a violência se confunde com a história dos Estados Unidos, a violência do índio contra o branco, a violência provocada pela intolerância religiosa dos primeiros colonizadores, a violência ao tempo do ouro e das caravanas,a  violência para a defesa da terra, a violência ao tempo da expansão do gado, no leste como no oeste. E depois a violência da Guerra de Secessão, em que sulistas e nortistas se odiaram, e ainda a violência do negro libertado contra o branco e do branco em maioria contra o negro. E depois a página triste do gangsterismo de Al Capone e de Dillinger - a violência que é na América do Norte, como acentuou Brienne, um culto de destruição dos seres humanos, marca do ficcionismo popular falado, escrito, televisionado e exibido nos cinemas, numa propaganda ostensiva e subliminar de truculência e do recuso aos meios extremos de ódio para tudo resolver.


A. Tito Filho, 20/07/1989, Jornal O Dia

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