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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

CONSULTÓRIO

Ao tempo dos meus estudos ginasiais no velho e bom Liceu Piauiense, costumava fazer a leitura dos três volumes de ensinamentos gramaticais de Cândido de Figueiredo, que mantinha, na imprensa de Lisboa, coluna de resposta a consulta de leitores. Satisfiz muitas curiosidades, mas não considerava práticas as lições do escritor lusitano. Já professor do ensino médio, li as interessantes dificuldades expostas por Maximiano Gonçalves. Também me servi de Napoleão Mendes de Almeida, com quem, anos depois, troquei idéias num encontro de literatura realizado em Fortaleza. Outro estudioso de fatos de linguagem, Silveira Bueno, expôs esclarecimentos numerosos nos seus vários volumes de questões de português, em resposta a pessoas que lhe dirigiam cartas de perguntas. Faz algum tempo adquiri uma obra simples, com o registro de dezenas de observações de ortografia, colocação, regência, concordância, emprego de pronomes, trabalho de singular clareza, inteligente e de muita oportunidade, mas incompleto no tocante ao número de casos de mais necessidade, sobretudo aos principiantes. Trata-se do livro de Vitório Bergo "Erros e Dúvidas de Linguagem".

Durante anos li dicionários, palavra por palavra, a começar pelo monumental Moraes, e outros, como os de Aulete, Mesquita de Carvalho, Antenor Nascentes, Laudelino Freire, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Retirei dezenas e dezenas de vocábulos e examinei de cada um as dificuldades que poderiam oferecer aos iniciantes no estudo de língua portuguesa. Grafia de nomes, conjugação e regência verbal, indicações de crase, emprego de pronomes, gentílicos, e muitos outros aspectos convocaram-me comentários. Pensei em publicar um livro com o nome de consultório e o projeto continua nas minhas cogitações.

Cineas Santos, uma das melhores expressões da vida intelectual piauiense, professor ilustrado, estudioso do português, rico de preocupações com os destinos deste pobre e triste país, publicou agora TIRA-DÚVIDAS, em que leciona, numa síntese aplaudida, como resolver as questões que de vez em quando atormentam os que escrevem. São ensimanentos simples que evitam tolices e asneiras nas expressões usuais da língua. Excelente esforço a serviço da coletividade de muitas almas ignorantes.


A. Tito Filho, 27/06/1989, Jornal O Dia

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