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terça-feira, 6 de setembro de 2011

CRÔNICA DE 1939

O ano de 1939 necessariamente começou no dia 1º de janeiro. Decorreram 365 dias de episódios, uns bons, outros maus, no mundo, no Brasil, no Piauí, na Teresina criada pelo baiano José Antônio Saraiva.

Assim:

- Terminou a sangueira da guerra civil espanhola. Foi bom.

- David Selznick e a Metro Goldwin Mayer produziram "E o Vento Levou", com Vivien Leigh e Clark Gable nos papéis centrais - filme que ainda hoje arrebata platéias. Foi bom.

- Pio XII inaugurou novo papado. chamou-se Eugênio Pacelli e como cardeal, antes de sentar-se na cadeira de São Pedro, visitou o Brasil. Foi bom.

- Fabricou-se o primeiro remédio a base de sufa. Foi bom.

- A 1ª de setembro, os exercícios alemães, por ordem de Hitler, invadiram a Polônia. Iniciou-se a segunda guerra mundial. Foi mau.

- Instituído no Brasil, pelo gaúcho Getulio Dornelles Vargas, o regime do Estado Novo, denominação de uma das mais cruentas ditaduras da América Latina. Foi mau.

- No Carnaval, o povo cantou com Orlando Silva, a inesquecível marcha "Jardineira". Foi bom.

- O Piauí passou a reger-se pelo regime ditatorial, sob a chefia do interventor federal Leônidas de Castro Melo. Foi mau.

- Lindolfo do Rego Monteiro, médico, era o prefeito de Teresina. Foi bom.

- Inaugurou-se na capital piauiense nova casa cinematográfica, o Cine Rex, situado na praça Pedro II. Foi bom.

- Teresina recebia o melhoramento do Parque de Buenos Aires, distante cerca de nove quilômetros do centro da cidade. Foi bom.

- A interventoria federal, num ato de violência - aposentou a maioria dos desembargadores do Tribunal de Justiça do Piauí - Simplício Mendes, Esmaragdo de Freitas e José de Arimathéa Tito. Foi mau.

- Novo melhoramento em Teresina: a ponte metálica sobre o rio Parnaíba, ligando a cidade ao lado maranhense por estrada de ferro. A obra de arte recebeu o nome de João Luís Ferreira, governador do Piauí de 1920 a 1924. Foi bom.

- A 19 de março, dia do glorioso São José, pai adotivo de Jesus, nascia um menino, magro e irrequieto, filho de pais cristãos e caridosos, o farmacêutico Tomaz Arêa Leão Filho e Maria de Lourdes Martins Arêa Leão. Infância cercada de carinho e afeto, plena das peraltices da idade. Na adolescência, os estudos de humanidades feitos no velho Liceu Piauiense, cercado de condiscípulos amigos e estudiosos como ele. Depois a vida pública, as vitórias da inteligência e do espírito - educado e dedicado. Na quase maturidade, atingia funções ilustres. Orientou o processo cultural do Estado, com raro tino administrativo, num dinamismo aplaudido e de resultados promissores. Incentivou as letras e as artes. Em seguida, assessor da Academia Piauiense de Letras, onde desenvolve encargos sérios e adota iniciativas benfazejas. Sempre solícito, alegre, cultiva a sinceridade e a lealdade. Pessoa humana que veio em 1939 para enaltecer a vida. Agora cinqüentão. E do alto de seu maio século contempla os objetos, as cousas, as paisagens, os homens e a si mesmo, e no intimo da consciência pode dizer da forma que dizemos dele: tem sido bom e verdadeiro.


A. Tito Filho, 19/03/1989, Jornal O Dia

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