Cidade amável, simples, humilde, Teresina, porém, de alguns anos passados aos dias de hoje se vem tornando antipática, pedante, cheia de nó pelas costas com a valorização de uma elite de NOVOS-RICOS, aquelas pessoas de riqueza recente, conseguida com rapidez, as vezes na sorte das lotecas ou outro tipo de jogatina nacional. Sempre inculto e de pouca instrução, o novo-rico procura revelar hábitos de refinada ridicularia, sobretudo na fala inculta e nos trajes espalhafatosos, e com estes conquistam a posição almejada de AS DE MAIS e, no caso de homens, OS ELEGANTES. Os nossos bons colunistas sociais, inteligentes sempre, devem rir muito de tais espevitações masculinas e femininas e a ricos e ricas atribuem superlativos como elegantérrimo, chiquérrima e quejandos. bestice de vaidosos.
Mas passemos a outra classe. Observamos os imitadores, os que copiam a linguagem alheia de modo errado e ridículo. RIO POTI HOTEL não é expressão portuguesa, mas arremedação tola e subserviente do inglês. A forma vernácula está em HOTEL RIO POTI, em cujos salões existe uma denominação estapafúrdia: TARRAFA'S, sim TARRAFA'S, com o apóstrofo e o S. Sabe-se que tal se dá no inglês. A virgulazinha antes do S indica posse. Assim: DE TARRAFA. Que significa semelhante besteira? Na língua inglesa escreve-se BOB'S BAR, isto é, BAR DO BOB.
Pior a gente lê no seguinte: MARIANO'S COIFFEUR. Que diabo é isto? A tradução seria: CABELEIREIRO DE MARIANO, quando MARIANO é cabeleireiro dos outros. Interessante: a tolice mais se alarga porque a expressão pertence a duas línguas: MARIANO'S (inglês) e COIFFEUR (francês).
Teresina ridícula. E dizer que nesta cidade se cultivavam hábitos de fidelidade à bonita e hoje crucificada língua portuguesa.
COIFFEUR vale atestado seguro de besteirice local.
A. Tito Filho, 19/09/1989, Jornal O Dia
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