Quer ler este texto em PDF?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

POLÍCIA - II

Nos princípios da década de 30, os Estados Unidos viveram momentos emocionantes. John Dillinger inaugurou os tempos sangrentos de assaltos a bancos. Duas vezes apenas a polícia norte-americana teve sorte na luta contra o homem que a imprensa considerou o INIMIGO PÚBLICO Nº 1 do país. Uma ocasião conseguiu prendê-lo, mas o célebre bandido fugiu da cadeia. Noutra a oportunidade, traído por conhecida meretriz, Dillinger foi varado a balas, quando saía disfarçado de um cinema em Nova Iorque. qual o segredo desse famoso gangster, temível assaltador de bancos, comandante de um grupo de assassinos frios e useiros em tropelias criminosas? Simples. Dillinger e os seus liderados dispunham de armas mais poderosas do que as usadas pelos homens da lei. Aconteceu por esta forma: o aparelho policial sempre esteve sem os instrumentos necessários ao combate do crime e dos que vivem da sua prática.

À deficiência de veículos, de armas, de laboratórios, acrescente-se de alguns anos para cá a péssima remuneração dos agentes policiais.

Veja-se esta hoje sofrida e desconjuntada Teresina, uma cidade que Saraiva edificou entre a poesia e a tranqüilidade de dois rios, agora o pasto dileto das ambições imobiliárias para o sustento do desperdício do soçaite, nas noites regadas a uísque e corpos femininos.

Teresina progrediu muito. Possui espigões, pistoleiros, crimes misteriosos, pivetes, motéis de alta rotatividade, restaurantes de luxuria desbragada, veadagem encantadora, sapatões de mãozinhas dadas nos calçadões sem sentido, mas a polícia está incapacitada de vigiar os locais em que desfilam as tristes personagens das noites de luxúria e de drogas. Se aos desprotegidos policiais civis sobram o risco e o receio das balas dos marginais, falta-lhes até mesmo o conforto de poder ao menos, humildemente, sustentar a família.

A luta do delegado Antônio de Melo Lima, presidente da Associação de Policiais Civis, merece apoio. E reclama de Alberto Silva sensibilidade e decisão. Os policiais ganham miséria - eis a verdade.


A. Tito Filho, 28/04/1989, Jornal O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário