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domingo, 11 de setembro de 2011

ELEIÇÕES

No período republicano, a primeira eleição presidencial, a de Deodoro da Fonseca, se fez pelo Congresso. As seguintes, por eleição, como se dizia, a bico de pena, sob a batuta dos coronéis e dos currais eleitorais. Era o voto a descoberta, do crê ou morre. O movimento tenentista de 1930, que pôs no poder Getúlio Vargas, instituiu o voto secreto e concedeu voto às mulheres. Mas a primeira eleição presidencial se deu em 1934, pelo Congresso Nacional, que elegeu o mesmo Getúlio inquilino do poder até 29 de outubro de 1945, quando foi derribado, legando ao país legislação estabelecedora da votação direta e secreta para presidente, o que se deu a 2 de dezembro de 1945 com a consagração nas urnas do general Eurico Dutra. Seguidamente houve eleições presidenciais pelo sufrágio popular: novamente Getúlio, depois Juscelino e Jânio Quadros, este último o célebre renunciante de 1961. Vieram os presidentes militares e, finalmente, José Sarney, eleitos de modo indireto por um condenado Colégio Eleitoral. Restabeleceu-se a escolha presidencial direta, o que se processará a 15 de novembro de 1989, com uma vintena talvez de postulantes, dos quais pouquíssimos podem alcançar a vitória. Os principais candidatos se submetem constantemente a entrevistas e debates e dissertam sobre os assuntos que lhes são oferecidos: inflação, reforma agrária, problemas educacional e habitacional, violência, corrupção. E todos os presidenciáveis demonstram que pretendem enfrentá-los e eliminá-los do dia-a-dia nacional. A nação está exausta, desfalecida, sem forças. Em ninguém mais se acredita e confia. Entendemos, porém, que o terrível mal da sociedade brasileira reside na destruição da vida moral, fonte dos incontáveis malefícios que assoberbam a nossa gente. Os exemplos vêm de cima. Criticam-se os hábitos presidenciais e respectivos ministros e chefes, para os quais abundam os privilégios. Palácios nababescos, luxo, esplendor. Mansões magníficas e faraônicas. Cozinha e criadagem pagas pelos cofres públicos. Deputados e senadores gozam de regalias insuportáveis: subsídios altíssimos, gasolina, apartamento, viagens aéreas, telefones, por conta do bolso do contribuinte.


A. Tito Filho, 20/09/1989, Jornal O Dia

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