Deoclécio Dantas, jornalista combativo e perspicaz, obteve de D. Elvira Aguiar Freire, faz anos, o informe interessante. Essa ilustre dama, viúva do governador Antonino Freire, falecida com quase cem anos, contou a Deoclécio que certa feita ela e o marido receberam a visita do governador João Luís Ferreira, de quem ouviram um pedido:
" – Esse prédio aí é muito bom para uma escola, Elvira, e eu gostaria que você perguntasse ao barão se ele tem interesse em vendê-lo".
O governante aludia a Karnak, cujo proprietário, no instante oportuno, fixou o preço, segundo se vê da reportagem de Deoclécio:
" – Vendo o prédio por cem contos, Sr. Governador".
Relembra o jornalista, reproduzindo a narrativa de Elvira. "Mas só no Governo do Dr. Mathyas Olympio é que o Palácio de Karnak passou a funcionar como sede do Governo do Piauí e tudo indica - frisou dona Elvira - que foi também no governo do Dr. Mathyas que o barão recebeu os cem contos da operação feita na administração anterior".
A principiar de Mathyas, vário governadores e interventores federais habitaram aquelas salas e nelas adotaram atitudes políticas. Alguns abdicaram da residência. Eis os ocupantes, como residentes e administradores, ou apenas nesta última qualidade: João de Deus Pires Leal, Humberto de Areia Leão, Vaz da Costa, Lemos Cunha, Landri Sales, Martins de Almeida, Colares Moreira, Leônidas Melo, Anfrísio Lobão, Álvaro Sisifo Correia, João Ozório Porfírio da Mota, Leôncio Ferraz, Martins Napoleão, Vitorino Correia, Válter Alencar, Vaz da Silveira, Teodoro Sobral, Brito Melo, Waldir Gonçalves, Rocha Furtado, Pedro Freitas, Milton Brandão, Agenor Almeida, General Gayoso, Ferreira de Castro, Chagas Rodrigues, Tibério Nunes, Petrônio Portela, José Odon de Alencar Bezerra, Alberto Silva, Sebastião Leal, Ribeiro Magalhães, João Lobo, Dirceu Arcoverde, Freitas Neto, Afrânio Nunes, Djalma Veloso, Lucídio Portella, Waldemar Macedo.
A. Tito Filho, 21/01/1989, Jornal O Dia
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