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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

CRENÇA

Nos Estados Unidos da América do Norte, vigorou durante largo tempo, a crença, a partir do século XIX, de que os presidentes da República, eleitos nos anos terminados em ZERO, de vinte em vinte anos, morreriam no poder. Como se originou o fato? Naturalmente da observação de indivíduos curiosos, que nasceram com a sina de anotar coincidências.

Vejamos. Em 1840, foi eleito para a presidência o cidadão chamado HARRISON. Andava adoentado. Assumiu o alto cargo e nele faleceu um mês depois. Em 1860, Lincoln ganhou a eleição. Quando começou um segundo período de governo assassinaram-no num teatro de Washington. Nas eleições de 1880, GARFIELD, vitorioso, assumiu a presidência e foi morto no exercício das funções. Três vezes deu-se a circunstância com relação aos eleitos: 1840, 1860 e 1880. Agora deveria haver morte presidencial com o que se elegesse no principio do novo século, 1900. Pois a história se repetiu. MACKINLEY ganhou o prélio eleitoral de 1896, dirigiu o país durante um quadriênio. Reelegeu-se em 1900, ocupou segunda vez a Casa Branca, mas bala assassina lhe tirou a vida. Em 1920, HARDING conquistou o governo. Morreu de morte morrida nos aposentos presidenciais. E Franklin Roosevelt quebraria o preconceito? Vitorioso em quatro eleições: 1932, 1936, 1940 e 1944. Notem o ano fatídico da crença popular: 1940. Roosevelt morreu no poder, em 1945. KENNEDY foi o vitorioso nas eleições de 1960. Morreu de morte matada, em Dallas. Observem: os presidentes, eleitos nos anos terminados em ZERO, de vinte em vinte anos, haveriam de despedir-se da vida no poder, como titulares do cargo presidencial: 1840, 1860, 1880, 1900, 1920, 1940 e 1960.

REAGAN, eleito a primeira vez em 1980, enganou a morte. Embora baleado e várias vezes operado, quebrou a corrente. Não deu certo. O homem deixou a Casa Branca em posição vertical, utilizando os próprios pés.


A. Tito Filho, 31/01/1989, Jornal O Dia

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