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terça-feira, 27 de setembro de 2011

GIÓRGIA

A 22 de abril, sábado, Giórgia da Silva Matos, filha do casal José Moacir Matos e Célia Matos, completou 15 anos de idade. Os pais felizes ofereceram recepção aos amigos no hotel Rio Poti, uma convivência alegre, contagiante, simples, de organização perfeita. Tudo bonito, encantador. À mimosa menina-moça dirigi esta mensagem:

"Deixou você, Giórgia, a infância, a aurora da vida humana, idade do contentamento, em que predominaram o brinquedo e a fantasia, e penetrou na adolescência, a fase da imaginação e dos sentimentos fraternos. É o tempo em que encontramos, como você, a poesia das cousas e dos cenários revelando-se às nossas almas e de tudo fazemos objeto de ternura. A adolescência verdadeira, compreendida pelos pais, corresponde à sua, Giórgia, em que predomina a beleza poética do que nos cerca como o gosto da música, da viagem, da leitura e da natureza e dadivosa.

Depois da adolescência, começa a outra idade, a mocidade, plena de paixões - as imensas paixões do amor, do poder e da liberdade. Início das idéias e das dúvidas.

Hoje, Giórgia, encontra-se você na época da transição. Ainda não terminou a sua adolescência e surgem os primeiros caminhos da segunda fase da existência. Você ainda está adolescente aguardando a idade mais feliz da vida, a idade moça, que começa a surgir na sua personalidade.

Não renegue a infância nem a adolescência de que você está a despedir-se, mas faça de ambas a segurança da mocidade, porque as idades da vida, nas suas características positivas e negativas, se interpenetram e se auxiliam.

Lembro-me dos brincos da minha infância alegre na tranqüila cidade de Barras, quando eu atirava à superfície tranqüila das águas do rio Marataoan a pedrinha da infantilidade e via-a provocar círculos concêntricos que se desdobravam até que se perdiam na distância. Faça, Giórgia, que neste momento lhe atinja ao coração os gestos de sacrifício de suas país para torná-la feliz, e que eles, os gestos, se desdobrem na gratidão permanente com que deve retribuir-lhes sempre na majestade do seu amor de filha. Todas as idades se compõem também de virtudes - e estas devem permanecer sempre no seu ideal de doação da adolescência que ainda está em você e da mulher que vem surgindo".


A. Tito Filho, 26/04/1989, Jornal O Dia  

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