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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CALOR

Ao escrever o livrinho TERESINA MEU AMOR, tencionei num dos seus capítulos destruir a imagem de que a capital do Piauí vale um inferno de calor, uma caldeira infernal. Os próprios piauienses se encarregam desta publicidade infiel.

Registra Pereira da Costa, na sua famosa "Cronologia Histórica do Estado do Piauí", que ano de 1882 se fizeram nesta Província as primeiras observações meteorológicas, dirigidas pelo engenheiro Benjamim Franklin de Albuquerque Lima, chefe da comissão de melhoramento do rio Parnaíba. Dos estudos se serviu H. Moritze no trabalho "Esboço de uma climatologia do Brasil", em que, tratando da capital piauiense, escreveu: "A temperatura média anual às 9 da manhã é de 26º. Os meses mais quentes são os fins da estação quente, isto é, de setembro a dezembro, cuja temperatura é em média 28,5, o mais fresco é o de maio de 26,1, é o último da estação chuvosa. Como se vê, a amplitude da variação anual é inferior a 2,4. Durante a estação seca o vento sopra de S, de SE e E, e durante o período das chuvas, do N. Contam-se em todo o ano 65 dias de chuva, cujo máximo cai em abril. As tempestades são freqüentes, 20 em média por ano, distribuídas entre os meses de setembro a maio".

Modificou-se o clima, evidentemente por razões inequívocas, como a derribada das matas próximas do rio Parnaíba, para alimentar de lenha as antigas caldeiras da usina elétrica. Haja lenha para o enriquecimento dos fornecedores. Já agora as matas do rio Poti estão sendo sacrificadas para a vergonhosa especulação imobiliária que ninguém freia nem impede.

Ninguém se refere ao clima do Rio de Janeiro nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. O carioca pode estrelar ovos, ao meio-dia, no asfalto da avenida Rio Branco...

O ilustrado Silva Melo, no seu gostoso livro "Panoramas Norte-Americanos" conta relativamente ao clima de Nova Iorque:

"A minha permanência em Nova Iorque foi durante os meses de junho, julho e agosto, os meses mais quentes do ano, de pleno verão...

As noites eram sufocantes e os dias tremendamente quentes... Em Nova Iorque houve naquele dia 9 mortos por insolação e o termômetro no Central Park marcou ao sol 142 graus, mais de 60 centígrados. Os jornais descreviam Nova Iorque como um imenso forno de cimento e asfalto, cujo calor justificava realmente tal comparação...

O calor era tão intenso que se tornava necessário mudar de roupa mais de uma vez durante a noite, molhando o travesseiro e o colchão" (Silva Melo - "Panoramas Norte-Americanos" - páginas 149-150).

O calor de Teresina é extraordinário, admirável, mas no afeto da sua gente...


A. Tito Filho, 21/11/18989, Jornal O Dia

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