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sábado, 24 de setembro de 2011

POLIFONISMO

São muitas as correntes literárias que denominaram a vida espiritual dos povos. Classicismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, concretismo, modernismo e quantos mais. Cada qual tem interpretação própria e autores respectivos. A crítica sempre procurou defini-las, como agora fazemos, sem que sejamos críticos, mas apenas ledor de documentos da literatura, com o POLIFONISMO.

A poesia simultânea foi introduzida por Mário de Andrade, em 1922, como o livro "Paulicéia Desvairada". Essa poesia, também chamada polifonismo, está explicada na obra crítica de Mário, "A Escrava que não é Isaura", escrita em 1922 e publicada em 1925. Antes, no "Prefácio Interessantíssimo" da "Paulicéia Desvairada", Mário expôs idéias a respeito do polifonismo ou simultaneidade.

Mário entendeu que a harmonia era a combinação de sons simultâneos, de palavras soltas que não se ligam, e que a melodia semelhava um "arabesco horizontal de vozes (sons) consecutivas, contendo pensamento inteligível".

Se no lugar de palavras soltas, o poeta usa frases soltas, há a mesma sensação de superpor frases (melodias). Esta é a polifonia de Mário, a quem passo a palavra: "Tecnicamente, o verso livre, a rima livre e a vitória do dicionário. Esteticamente, substituição da ordem intelectual pela ordem subconsciente, rapidez e síntese, polifonismo".

a respeito do polifonismo ou simultaneidade Mário dá esta explicação: "A poesia não é apenas lirismo, inspiração, ou tudo o que o inconsciente lhe gritava, mas a poesia é lirismo somado à arte".

Eis para Mário o papel da arte: "Mondar mais tarde o poema de repetições fastientes, de sentimentalidades românticas, de pormenores inúteis ou inexpressivos".


A. Tito Filho, 25/07/1989, Jornal O Dia

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