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domingo, 4 de setembro de 2011

DESFIGURAÇÃO

Teresina é das mais maltratadas cidades brasileiras. Vigoram as paisagens deformadas, como se estivessem constantemente sob apedrejamento. Certas áreas de lazer são sujas, incentivam a malandragem e fogem aos objetivos para os quais foram criadas. Contam-se por todos os dedos e mais alguns os aspectos desfigurados da outrora singela capital. Fizeram-se calçadões e estes vivem repletos de camelôs, criando-se o comércio paralelo. A praça Rio Branco, outrora recanto repousante e alegre, semelha nos dias que correm uma concentração de desocupados. A praça João Luís Ferreira, de elegantes bambuais nos velhos tempos, local de espairecimento de crianças nos jogos inocentes das bolinhas de gude, serve agora de mercado, onde se vendem frutas, brequefeste para os pobres diabos da previdência que não pregaram o olho, e outros tipos de alimentação de vítimas da quebradeira. Que dizer da pracinha querida, de namoricos dos bons tempos, alegre, convidativa, a Pedro II? Corresponde hoje a uma vasta concentração de mundanas, cachaceiros, qualiras, drogados, sapatões e indivíduos sem aptidão para o trabalho.

Fez-se a chamada PRAINHA para a diversão, os encontros amigos, o descanso sexta-feirinho, sabativo e dominical, o que ocorreu nos primeiros dias. Jaz como área de favela, e os bares típicos acolhem farristas e respectivas cachaçadas. Não há nela segurança e viceja o crime, sempre que se desentendem os deseducados para a vida.

Uma lástima o Parque da Cidade. Foi feito para o companheirismo, para a prática desportiva, para as refeições fora de casa, nos dias festivos da semana. Os desabusados depredaram-no.

Ao cabo de contas, nenhum respeito merece a cidade que José Antônio Saraiva idealizou e construiu com sacrifício e coragem. Os teresinenses, na sua maioria, insolentes e desrespeitadores, não têm sido fiéis à memória do saudoso e querido patrício.


A. Tito Filho, 22/03/1989, Jornal O Dia

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