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terça-feira, 19 de julho de 2011

MESTRE (L. M. Ribeiro Gonçalves)

Poeta, jornalista, orador parlamentar, conferencista, crítico literário, cientista, geógrafo, historiador, higienista, estudioso da sociologia, urbanista, professor de amplos recursos, economista - não se sabe que mais admirar nesse homem de acendrado amor à vida democrática, ao Piauí e à sua pátria - democracia, terra natal e nacionalidade que ele tem sabido servir em todos os setores da vida pública. Digno entre os mais dignos, caráter sem jaça, leal, correto nas atitudes, sempre se colocou ao lado da verdade e das causas nobres.

Uma das mais pujantes afirmações intelectuais do Piauí em todos os tempos. Prende e convence os auditórios. Palavra fácil, altiva, protótipo do orador feito e perfeito. De tudo que escreve, com graça, períodos puros, radia beleza, grandeza mental, segurança no afirmar e no discernir. Sabe esgotar os assuntos de que trata sem alcançar o ledor, antes convocando-o mais ainda para a leitura, porque desta derivam lições de impecável conteúdo e de notável propriedade do vocabulário usado. Frases límpidas, cheias, sonantes. Estilo de arte rigorosa. Com mais de oitenta anos, está dono ainda de lucidez impressionante, escrevendo com letra à semelhança de desenhos de fino lavor. Impressionante figura humana, extraordinária individualidade no concerto geral dos que o conhecem e em razão de conhecê-lo aprendem a admirá-lo.

Era dezembro de 1946. Deixei o Rio de Janeiro, por terra, rumo do Piauí, em companhia de Tibério Nunes, Fenelon Silva, Mariano Mendes e Álvaro Ferreira Filho. Viagem de trem, de início - depois gaiola do São Francisco e caminhão. A comitiva estudantil pretendia fazer, como fez, a propaganda política dos candidatos majoritários do antigo grêmio partidário nomeado União Democrática Nacional: José da Rocha Furtado (governador), Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves e Joaquim Pires Ferreira (senadores) - os três finalmente vitoriosos no pleito de 19 de janeiro de 1947.

Lia nos jornais de Teresina a pregação cívica e a agilidade para argumentar do representante piauiense. E comecei a aplaudi-lo, a distância, com orgulho, sentindo-o uma das vozes mais vigorosas que se agitavam em defesa dos interesses públicos na Câmara Alta do País.


A. Tito Filho, 02/04/1989, Jornal O Dia

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