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terça-feira, 19 de julho de 2011

AINDA O MESTRE

Escoam-se os anos. Vejo-me na presidência da Academia Piauiense de Letras. Inicio o esforço de convivência com os confrades - com os de Teresina e com os residentes noutras paisagens brasileiras. Um dos que mais me aplaudiram o trabalho e os objetivos, no Rio, foi Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves - e entre nós se desenvolveu, anos fora, uma correspondência fraterna, amiga, plena de lições utilíssimas por parte desse homem ímpar ao discípulo fincado de corpo e alma no chão piauiense. Quanto aprendi nas suas cartas sempre fiéis nos depoimentos, escritas sem feito, ao correr da pena, educadas como se espelhassem a própria personalidade daquele que as assinou - culta, generosa, sincera, íntegra. São cartas literárias.

Do convívio espiritual com Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, na constante troca de idéias entre o Rio e Teresina, nasceu em mim o desejo de reunir as suas mais impressionantes manifestações intelectuais numa obra de pulso, tantos os assuntos em que a sua pena oferecia ensinamentos magistrais: problemas piauienses, economia, processo educacional e democrático, prédios escolares, libertação do escravo, o babaçu, seca e Nordeste, crítica histórica e literária, engenharia, estradas, urbanismo - assunto vário, que ele apreciava e ensinava com profundo amor à ciência e a arte verdadeira.

As suas páginas revelam e identificam o mestre que delicia, encanta, educa e, sobretudo, concorre, como concorreu por decênios, para dar ao brasileiro e consciência de todos os aspectos da cultura nacional.


A. Tito Filho, 03/04/1989, Jornal O Dia

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