Na história humana do Piauí raras vezes se situa um homem da natureza de Pedro Britto. Erram os que enxergam maldade na poesia, satírica com que ele deliciou o povo. Raras, raríssimas ocasiões, nesses versos criticou pessoas. As quadras ferinas do poeta castigavam e ridicularizavam vícios e costumes das cidades mortas do interior do Estado e para tanto se serviu da jocosidade e do sarcasmo.
Ao lirismo doce e suave transmitiu as melhores impressões do seu espírito. Utilizou-se de fatos afetivos - alegria, amor, saudade. A morte de uma das filhas inspirou-lhe três elegias, de profundos sentimentos tristes. Fez versos descritivos, bucólicos, delicados, enaltecendo os encantos da vida campestre e pintando cenas da natureza dadivosa.
Pedro combateu o bom combate. Desconheceu o medo. Enfrentou a perversidade dos fracos. Teve vitórias e triunfos que só aos fortes se concedem.
Sustentamos que ele foi superior ao meio em que viveu um meio de intrujices, afilhadismo, a ignorância como mérito, a acomodação dos caracteres, o prestígio das falsas fidalguias familiares, que mandavam e desmandavam na política, na justiça, nas assembléias; o dinheiro corruptor de atitudes, e caprichismo, bajulação - e nada Pedro se submeteu, a nada se amoldou ou se adaptou. Antes, dirigiu protestos contra todas as formas de enodoar.
Viveu o seu tempo, como exceção. Deveria ter nascido noutro século, para que não padecesse as tentativas de violência dos homens aos quais ele ensinou o bem maravilhoso da coragem de lutar por idéias e por princípios.
A. Tito Filho, 18/01/1989, Jornal O Dia
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