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domingo, 24 de julho de 2011

AINDA PEDRO

Na história humana do Piauí raras vezes se situa um homem da natureza de Pedro Britto. Erram os que enxergam maldade na poesia, satírica com que ele deliciou o povo. Raras, raríssimas ocasiões, nesses versos criticou pessoas. As quadras ferinas do poeta castigavam e ridicularizavam vícios e costumes das cidades mortas do interior do Estado e para tanto se serviu da jocosidade e do sarcasmo.

Ao lirismo doce e suave transmitiu as melhores impressões do seu espírito. Utilizou-se de fatos afetivos - alegria, amor, saudade. A morte de uma das filhas inspirou-lhe três elegias, de profundos sentimentos tristes. Fez versos descritivos, bucólicos, delicados, enaltecendo os encantos da vida campestre e pintando cenas da natureza dadivosa.

Pedro combateu o bom combate. Desconheceu o medo. Enfrentou a perversidade dos fracos. Teve vitórias e triunfos que só aos fortes se concedem.

Sustentamos que ele foi superior ao meio em que viveu um meio de intrujices, afilhadismo, a ignorância como mérito, a acomodação dos caracteres, o prestígio das falsas fidalguias familiares, que mandavam e desmandavam na política, na justiça, nas assembléias; o dinheiro corruptor de atitudes, e caprichismo, bajulação - e nada Pedro se submeteu, a nada se amoldou ou se adaptou. Antes, dirigiu protestos contra todas as formas de enodoar.

Viveu o seu tempo, como exceção. Deveria ter nascido noutro século, para que não padecesse as tentativas de violência dos homens aos quais ele ensinou o bem maravilhoso da coragem de lutar por idéias e por princípios.


A. Tito Filho, 18/01/1989, Jornal O Dia

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