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terça-feira, 28 de junho de 2011

DESBRAVAMENTO DO PIAUÍ

Já muito se discutiu a respeito da prioridade histórica do descobrimento do Piauí. A dois vultos se atribui o feito: ao paulista Domingos Jorge Velho e ao português Domingos Afonso Mafrense, ou Domingos Afonso Sertão.

Sobre o descobrimento do Piauí escreveu Varnhagen (visconde de Porto Seguro): "É menos exato que neste descobrimento tivesse parte o paulista Domingos Jorge". João Pinheiro afirma (O descobrimento do Piauí - 1943): "Parece que já é tempo de despojar-nos de umas tantas veleidades ou injustificáveis pretensões nacionalistas como a de território descoberto pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, uma vez que esta persiste, sem nenhum apoio sério, em completa incompatibilidade com a verdade histórica irrefragável". E acrescenta: "Entretanto, até bem pouco tempo, somente o seu nome corria parelha com o de Domingos Afonso Sertão (Mafrense), em competição de prioridade daquele descobrimento, aliás, por títulos francamente contestáveis, mas que se consolidaram por último, como que assegurando-lhe completa supremacia depois da publicação de um documento encontrado pelo erudito Dr. F. A. Pereira da Costa e inserto à pág. 21 de sua Cronologia Histórica do Piauí". Trata-se de uma carta de sesmaria.

No ensaio sobre o desbravamento do Piauí, Barbosa Lima Sobrinho tira as seguintes conclusões do documento transcrito por Pereira da Costa:

a) Domingos Jorge Velho, 24 ou 25 anos antes de 1687, isto é, em 1662 ou 1665, saíra de São Paulo com sua tropa de sertanistas e chegara com ela ao interior do Piauí.

b) Estabelecera-se com fazendas de gado ao longo do Parnaíba e do Poti, topando bandeiras do gentio do Piauí e permitindo, desse modo, que se povoasse a região.

c) Depois de 24 ou 25 anos de semelhante atividade deixara todos os seus bens e criações ao longo do Parnaíba, para dirigir-se ao quilombos dos Palmares.

d) Essa descida para os Palmares ocorrera no ano de 1687".

E acrescenta: "Daí a prioridade de Domingos Jorge Velho no devassamento do Piauí, pois que o primeiro documento a respeito de seu êmulo Domingos Afonso Sertão (Mafrense) é apenas de 1674, na patente de uma entrada que só se concluiu em 1676".


A. Tito Filho, 01/04/1989, Jornal O Dia

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